Levantamento feito nos anos de 2021, 2022 e 2023, publicado pelo Lance.com, revela que 1289 jogadores brasileiros estiveram em atividade no Exterior, presentes em 82 dos 88 países pesquisados. Portugal é o destino preferido. Com relação ao ano de 2024, ainda não conseguimos dados suficientes, mas dentro da linha de raciocínio a ser desenvolvida o exposto no site acima nos oferece uma das informações para explicar um fato. O torcedor acredita que o jogador que vai para o Exterior se desinteressa da seleção brasileira.
A desigualdade brasileira é expressa no ditado “farinha pouca, meu pirão primeiro”, mas um leitor poderia rebater dizendo: ‘A Argentina, no mesmo período, exportou 905 jogadores, novos e talentosos, e, mesmo assim, sagrou-se campeã do mundo’.
Somos diferentes dos argentinos. Aliás, nem temos essa garra toda. Enquanto eles se acham, volta e meia, voltamos a ter o complexo de vira-latas, que, segundo o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues, expulsamos em 1958 na Suécia ao conquistarmos o campeonato do mundo. A partir daí percebemos o tamanho que éramos. Um país continental habitado por negros, brancos, índios, cafusos e mulatos inspirados na espontaneidade, ludicidade, talento e criatividade desandou a ganhar títulos mundiais através das seleções e dos clubes.
Começamos a perder nosso estilo quando o futebol virou “Business”. Contam que, no ato da criação do mundo, Deus olhou para o Brasil e sentenciou: ‘Vou colocar aqui os melhores jogadores de futebol’. Passado uns tempos, olhou de novo e sacou: ‘É preciso equilibrar’. Aí, criou os dirigentes brasileiros.
Diferente da época em que ganhávamos, o futebol hoje é um negócio global que envolve trilhões e bilhões de dólares, marketing e merchandising. A estrutura é piramidal. Na base, os mercados de menor densidade e, no topo, os europeus e outros ricos. Essa pirâmide se reproduz nos mercados locais. Os pequenos na base e os maiores no topo da cadeia. Compram o artista jovem e talentoso e nos vendem o espetáculo. Foi assim que vendemos Eric Pulga, Saulo Mineiro e Hércules. Tudo a preço de banana.