Com a alta de preços da gasolina, e o assunto tomando uma dimensão exagerada como um produto fundamental na vida das pessoas, não consegui fugir deste tema – apesar de ter prometido mais espaço à mobilidade sustentável.
Mas ao invés da política de preços, já abordada exaustivamente na mídia, falarei porque utilizarmos motores a gasolina no século 21 é uma ideia totalmente ultrapassada.
O ano considerado como da invenção do motor a combustão interna a gasolina é o mesmo da invenção do automóvel “moderno”, 1886. Na época, deve ter sido revolucionário substituir o motor a vapor, que tinha rendimento máximo de 20%. Ou seja, cerca de 80% da energia gerada por este motor era desperdiçada, e só 20% utilizada para mover o carro.
O que pouca gente sabe é que, até hoje (quase 140 anos depois), os motores a gasolina ainda têm um rendimento aproximado de apenas 30%. De cada 100 litros de gasolina utilizados, apenas 30 servem para movimentar os veículos, e os outros 70 litros apenas geram calor – e ainda são transformados em diversos gases poluentes. Por que ainda insistimos em algo tão ineficiente e nocivo para a cidade?
Por que continuamos dependentes de combustível fóssil com todas as desvantagens, e não aproveitamos esses momentos de crise para mudar a fonte de energia dos transportes? Falei na coluna passada que carros elétricos não são a solução para a mobilidade, mas infelizmente os ônibus, que transportam a maior parte das pessoas nas grandes cidades, são movidos a diesel, com eficiência pouco maior que os motores a gasolina, e também extremamente poluentes.
Sem falar nos caminhões que transportam a maioria dos produtos, cruzando todo o País. Precisamos de mais trens conectando os estados, mais metrôs, VLTs, bondes e ônibus elétricos para transporte de pessoas nas cidades, bicicletas elétricas para entregas ou para caminhos mais longos. E com o potencial de energias solar e eólica do Ceará, certamente não teríamos problemas para abastecer estes transportes de maneira sustentável.