Está escrito no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, definindo o crime de estelionato: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Foi incorrendo no 171 que começou a aventura que levou brasileiros ao fundo do poço – sem contar os 700 mil mortos na pandemia da covid-19.
É sob a mesma ilicitude que a aventura vai acabar. O pivô do capítulo final é o hacker Walter Delgatti Neto, aquele que penetrou na intimidade de procuradores e do juiz da Operação Lava Jato, o hoje senador Sérgio Moro. Delgatti ajudou a desvendar o que havia por trás do tal “combate à corrupção” – na verdade, uma rede de crimes que enterrou a economia e a Justiça do País. Contratado pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) para invadir computadores do Poder Judiciário e tentar sabotar urnas eletrônicas, o hacker virou agente da direita e agora, como outros, está largado à própria sorte.
NOME AOS BOIS
Os primeiros indícios de estelionato político, moral e intelectual foram escancarados pelo pseudo-filósofo Olavo de Carvalho, formulador teórico das bases fuleiras do bolsonarismo. Por estes dias, os elementos finais têm sido confessados por um vigarista virtual que tomava até dinheiro de aposentados. Não poderia ser diferente.
AÍ TEM!
Terça-feira que vem, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem compromisso na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Vai falar sobre o programa Mais Médicos – que havia sido extinto por Jair Bolsonaro, mas foi revitalizado pelo presidente Lula. Ironia política: quem requereu audiência e está atacando o Programa é a já citada Carla Zambelli.
TODOS QUEREM EMBARCAR
A gratuidade do transporte intermunicipal na Região Metropolitana de Fortaleza, projeto proposto à Assembleia Legislativa pelo Governo do Estado, deve ganhar substância e força nas discussões parlamentares na próxima semana e nas seguintes. O tema é de extrema sensibilidade e ninguém, mesmo da oposição, quer assumir o ônus político de ser contra.
STF VAI APERTAR…
É possível que só em setembro termine a polêmica votação sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio. Faltam os votos de sete ministros, mas apenas dois têm atraído atenções: Cristiano Zanin, novato que entrou nesta semana, e Rosa Weber, veterana que está saindo.
…MAS NÃO VAI ACENDER AGORA
O problema é que a pauta não é só jurídica. E se embola no meio do campo político. Os opositores reforçam a tese de que a descriminalização favorece o tráfico, embora olhe justamente para o lado oposto. Países que adotaram medidas assim verificaram avanços no tratamento de adictos e na ressocialização de quem se viu às voltas com a lei.
VOCÊ PENSA QUE CACHAÇA É ÁGUA?
E, apesar da colossal ressaca da cassação dos mandatos da bancada do PL na Assembleia, a deputada Marta Gonçalves está conseguindo brindar pela aprovação de projeto dela. É o que considera como patrimônio cultural imaterial do Ceará a cachaça de alambique produzida no Estado.
Onde estamos
A Coluna do Roberto Maciel é publicada sempre às terças e quintas-feiras e aos sábados no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos também estão no site https://bit.ly/3q4AETZ.