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1 de dezembro de 2023

Rádio opinião

A nova face partidária do bolsonarismo no Ceará para Eleições 2022

Foto: Agência Brasil/Divulgação

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Docentes ouvidos pelo OPINIÃO CE explicam que bolsonarismo não se resume à figura do presidente Jair Bolsonaro

Rodrigo Rodrigues
rodrigo.rodrigues@opiniaoce.com.br

Presidente Jair Bolsonaro está filiado ao PL, partido que pode crescer este ano em todo Brasil (Foto: Divulgação)

O movimento bolsonarista que ganhou maior representatividade em 2018, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), à época no PSL, vicenciou novos contornos e chega às eleições de outubro próximo com uma nova configuração.

O OPINIÃO CE conversou com especialistas que explicam como os recentes movimentos dentro do bloco – como a extinção do PSL, filiação de Bolsonaro ao PP e criação do União Brasil – mexem com os grupos políticos no Ceará para o próximo pleito.

Emanuel Freitas, professor de teoria política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), pondera que, embora o presidente Jair Bolsonaro dê nome ao movimento, o bolsonarismo não se resume à figura do ex-militar. “O movimento bolsonarista é antipetista, antiesquerdista e antiestablishment”, explica. “O Bolsonaro nomeia esse movimento porque consegue capitalizar esses temas em um trabalho minucioso que começa ainda em 2014.”

O movimento foi concretizado com as eleições de 2018. Segundo o professor, no entanto, a onda conservadora precisou se readaptar para manter o discurso antipetista vivo. “A principal mudança é que passa de um movimento para uma institucionalização. Então, sai de uma configuração de figuras como André Fernandes e Heitor Freire [ligadas, inicialmente, ao bloco mais ideológico do movimento], por exemplo, para se institucionalizar. A manutenção do Acilon mostra isso”, aponta.

O prefeito de Eusébio foi reconduzido à presidência estadual do PP no Ceará e deve compor a base de oposição a antigos aliados no bloco governista. Acilon comanda, pelo menos, oito prefeituras diretas no Litoral Leste, força política que será usada pelo PP, atual sigla do presidente Bolsonaro. Embora reconheça a adaptação do bolsonarismo em nível local, o professor Felipe Braga Albuquerque, do departamento de Direito Público da Universidade Federal do Ceará (UFC), pondera que o cenário estadual tem peculiaridades que podem fugir do debate em nível nacional.

Segundo o professor, o que pode pesar e divide o movimento no Estado é a candidatura do ex-ministro do Governo Bolsonaro, Sergio Moro. ;“Vamos ficar muito nesse dualismo entre Capitão Wagner e o senador Eduardo Girão [que defende publicamente a candidatura de Moro], que também pode voltar a se unir ao bolsonarismo a depender da configuração.”

O deputado federal Capitão Wagner sinalizou que fará palanque para Bolsonaro, mas seu futuro partido, União Brasil, é unânime na rejeição a Bolsonaro. O senador cearense Eduardo Girão (Podemos) se enquadra nos chamados lavajatistas – referência ao ex-juiz Sergio Moro. “Se o Sergio Moro deslanchar [à Presidência], vai precisar de palanques estaduais. No Ceará, é o Eduardo Girão quem faz isso.

Aposto que, havendo esse movimento, teremos um rachadura entre esse grupo”, explica o professor Emanuel Freitas. Outra pauta encabeçada pelo grupo no Ceará que se soma ao bolsonarismo é a do antiferreirismo (críticos aos irmãos Cid e Ciro Gomes). “O Wagner tem uma força política anterior ao bolsonarismo. Ficou em 2º nas eleições em 2018, foi o deputado federal cearense mais votado antes de ser bolsonarista.

Na última campanha para prefeito, em que também foi bem votado, não chegou nem a fazer uma campanha bolsonarista, apesar de ter figuras do Bolsonaro atreladas. Então, além do bolsonarismo, temos o antiferreirismo, que o Capitão Wagner é quem melhor representa”, destaca Emanuel Freitas. O movimento ajuda a pactuar nomes de figuras não extremadas, como do deputado estadual Heitor Férrer (SD), para citar uma exemplo.

À reportagem, o parlamentar chegou a se declarar antiferreirista e que irá para o quadro que melhor represente a bandeia. Das informações de momento, o caminho deve ser o do União Brasil. O mesmo discurso é apresentado pelas deputadas estaduais Fernanda Pessoa (PSDB) – em direção ao UB – e Dr. Silvana (PP).

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