Lembro que há um ano, após a Itália ser campeã da Eurocopa 2020, comparações não faltaram entre o futebol jogado pela Azzura e a Seleção Brasileira. Nesta semana, os italianos perderam para a questionável seleção da Macedônia do Norte e vão ficar de fora, pela segunda vez seguida, de uma Copa do Mundo. Após o título europeu do ano passado, a exaltação ao futebol italiano em detrimento do que produzia a Canarinho àquela época foi quase uníssona por aqui. Mas reflito: será que o futebol europeu está tão à frente do nosso que até seleções desprestigiadas conseguem desenvolver um jogo competitivo ou, de fato, as seleções europeias de primeira linha não estão jogando isso tudo?
Acredito em um pouco de cada coisa. Apesar de o jogo entre Itália e Macedônia não ser um parâmetro ideal para essa análise, já que os italianos foram bem superiores durante toda a partida e perderam com um chute improvável no final, mas a verdade é que a mentalidade tática de algumas seleções emergentes da Europa as ajudou a evoluir. Mesmo assim, Espanha, Alemanha, Bélgica e até mesmo a atual campeã, França, estão longe de serem seleções brilhantes ou de poderem ter um destacado favoritismo para o Mundial do Catar. A comparação com o que produz a nossa seleção tem um pouco de verdade, mas não dá para descartar a “síndrome de vira-lata”, termo criado por Nelson Rodrigues. E isso não é uma defesa ao time comandado por Tite.
Vejo muitas falhas táticas e até técnicas na equipe brasileira. A verdade é que esse é um ano de Copa atípico. As seleções vão ter até novembro para fazer a preparação em busca de levantar a taça mais importante do futebol mundial. Não há muitos jogos para experimentação, mas há tempo para análise, desenvolvimento tático e consolidação de trabalho. Nas últimas duas copas, chegamos ao mundial com seleções capengas em campo, sem consistência. Que em 2022 as ideias de Tite e comissão possam ser iluminadas para que consigamos um time conciso nas quatro linhas.
Possuir essa regularidade já nos coloca em patamar de igualdade com as demais seleções, e se os nossos talentos individuais receberem inspirações das divindades do futebol, pode ser que o hexacampeonato deixe de ser sonho distante.