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23 de março de 2025

A invisibilidade dos passageiros intermunicipais

Confira a coluna de Felipe Alves desta quarta-feira, 3

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Pela proximidade das eleições federais/estaduais, e inspirado por uma viagem recente, vou abordar uma questão que diz respeito também aos estados. Seja para trabalhar, por turismo, ou outros motivos, muita gente precisa fazer viagens intermunicipais. E dependendo das cidades de origem e destino, as opções podem ser medíocres, ou até inexistentes.

Dado o curto tamanho da coluna, focarei nos destinos turísticos. Para algumas praias cearenses, a frequência de ônibus é pequena, é comum ônibus lotados, e pessoas viajando em pé. A outra solução, fora alugar um carro, é comprar um (duvidoso) pacote turístico vendido nas ruas, como o famoso “3 praias em 1 dia”, com horários bem limitados para ir e voltar.

Mas a recente viagem a Guaramiranga (cidade serrana a 100 km de Fortaleza) me marcou. Já não achava os ônibus que faziam a viagem antes bons, só não sabia que dava pra piorar tanto. A empresa decretou falência na pandemia, agora esta e várias outras linhas intermunicipais ainda não foram concedidas a novas empresas. Quem está operando são cooperativas com micro-ônibus, no caso de Guaramiranga é a mesma que opera o transporte complementar (as “topics”, como ainda são chamadas) em Fortaleza.

A viagem começa num posto de combustível perto da rodoviária, sem venda de passagem prévia, então não tem lugar garantido. O veículo pára em qualquer ponto no meio do caminho para subir ou descer passageiro, além das rodoviárias em 3 cidades intermediárias. Muita gente viaja em pé, e a viagem dura incríveis 3h30min! Chegando ao destino, motorista e cobrador já iniciam imediatamente a viagem de volta no mesmo veículo. Nos 2 trechos que fiz só pararam em um deles para se alimentar e ir ao banheiro. O veículo claramente não passa por limpeza alguma de um dia pro outro.

E estas linhas, mesmo com intervalo de 3h entre veículos, acabam sendo a única opção de transporte para muitas pessoas entre as cidades da serra, mesmo que distem menos de 10 km entre si. Têm cidades que, por não ser caminho de uma mesma linha saindo de Fortaleza, nem tem transporte entre si. O povo espera que o próximo governo possa olhar para este problema.

ERRAMOS: Semana passada, citei os 4 sistemas de bicicletas compartilhadas de Fortaleza, mas fui informado que o Bicicleta Integrada deixou de funcionar

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