A coluna deste sábado, 7, tem apelo histórico, observando a cena caótica da política alemã nos anos 1920 e 1930 – na qual reinavam ódio racial, discriminação social, índoles golpistas e perseguições ideológicas – e suas similaridades com a brasileira. Em escaramuças provocadas por nazistas fanáticos, destacava-se um troglodita bombado chamado Ernst Röhm, ex-militar conhecido pela agressividade contra judeus e outras minorias. Foi descrito como “soldado profissional corpulento, de pescoço taurino, olhos penetrantes, rosto marcado de cicatrizes”.
Quebrava placas e fazia discursos atemorizantes. Em várias ocasiões foi parar na cadeia, mas sempre obtinha perdão de Hitler. Sabia demais. Desprezava o que quer que fosse progressista ou que tivesse relação com a Justiça. “Uma análise de seus escritos mostrou que ele usava palavras como ‘prudente’, ‘compromisso’, ‘intelectual’, ‘burguês’ ou ‘classe média’ quase invariavelmente em sentido pejorativo; suas expressões positivas e de admiração incluíam ‘robusto’, ‘temerário’, ‘implacável’ e ‘fiel’”, registrou o historiador Richard Evans. Röhm teve papel fundamental na formação de milícias de nazistas, tornando o ideário do fascismo uma espécie de mantra, de regra de vida.
Fim
Incontrolável, exigia mais e mais poder. Achava que tinha os líderes nas mãos. Por isso, foi excluído por quem o atiçava contra a democracia. Foi trancafiado. Sem soluções, os mentores resolveram livrar-se dele definitivamente, mandando que se suicidasse na cela. Indisciplinado, se recusou a tirar a própria vida. Os “amigos” deram cabo dele pessoalmente, então, em 30 de junho de 1934. Sabia demais, mas não conhecia os limites dos “amigos”.
Hoje em dia
O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) subscreve projeto de Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP), entre outros bolsonaristas, que prevê crime de “falsa acusação de nazismo”, propondo pena de dois a cinco anos de prisão e multa. Silveira é o parlamentar que afronta o Judiciário e ameaça a vida de ministros do STF. É o que recebeu indulto de Jair Bolsonaro. É o que sabe demais.
Barato
Pesquisa do Instituto Invox Brasil sobre os humores do eleitorado do Ceará, com Roberto Cláudio (PDT) com 39%, liderando o páreo para governador, e Wagner Sousa (União) com 37%, saiu de graça para o ex-capitão. Ele foi, afinal, apresentado a uma parcela votante que só sabia da existência dele por causa dos motins que comandou na PM
Quem é quem
A propósito, a pré-campanha progressista já elegeu a meta de desmontar a imagem de “especialista em segurança pública” que Wagner tenta construir para si. “Nunca comandou nenhuma operação. A rigor, nunca nem dirigiu nem um camburão”, ironiza um deputado do PDT.