Voltar ao topo

24 de abril de 2025

A desigualdade do trânsito estampada nos semáforos

O cálculo do tempo para pedestres é simplesmente o que uma pessoa leva para realizar a travessia completa, no sentido mais extenso, caminhando num ritmo médio a devagar

Compartilhar:

Semana passada, falei como problemas nas calçadas ou outros que atingem pedestres não recebem a mesma atenção do poder público quanto o preço da gasolina ou a qualidade do asfalto. Mas existe uma questão pouco falada e não percebida por muitas pessoas, que gostaria de chamar mais atenção: os tempos semafóricos. Eles são determinados pelo setor de engenharia de tráfego do órgão responsável – no caso de Fortaleza, a AMC.

O cálculo do tempo para pedestres é simplesmente o que uma pessoa leva para realizar a travessia completa, no sentido mais extenso, caminhando num ritmo médio a devagar. Considera-se que o semáforo não precisa permanecer aberto por mais tempo, já que todas as pessoas aguardando podem iniciar a travessia assim que o semáforo abre. Alguém mais lento por alguma dificuldade de locomoção, ou quem chegar para atravessar depois que o semáforo abriu, geralmente não tem tempo para realizar a travessia no seu ritmo normal, precisando correr para deixar o espaço livre para os veículos.

Nos tempos para motorizados, terão muitas motos, carros, ônibus e caminhões enfileirados, então o tempo não pode ser apenas o de travessia de um veículo, ou somente os primeiros da fila passariam. Portanto, estes tempos são muito maiores, para passar mais veículos e tentar reduzir os congestionamentos.

Apenas após os longos tempos para motorizados em todas as direções é que há um novo tempo para pedestres, se houver (a maioria dos cruzamentos não têm). E em muitos cruzamentos, este tempo só funciona se uma pessoa acionar a botoeira (aquele botão no poste), caso contrário a programação semafórica pula esta fase.

Estes detalhes mostram a má aplicação do espaço e tempo cedidos para carros e motos, que geralmente transportam apenas uma pessoa. E deixam claro como os pedestres, que deveriam ser sempre a prioridade no planejamento da mobilidade, acabam sendo a última preocupação na maioria dos casos. Boa parte dos engenheiros de tráfego ainda insiste em querer maximizar o fluxo veicular e não de pessoas, muito baseado em tecnicismo, sem se importar com o conforto e segurança de pedestres, ou a eficiência em geral.

[ Mais notícias ]