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29 de março de 2024

A competição que leva a lugar algum

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Existe uma competição velada no universo feminino. Todas nós sabemos do que se trata, mas nunca falamos sobre ela. Começa lá na infância com a tiara mais bonita, os cabelos, o corpo e quando a gente menos espera… ta enroscada na nossa história toda. Quando saem para o mercado de trabalho, as mulheres sofrem a competição profissional. Não pelo cargo, mas pela existência dela ali, naquele lugar.

Como se não houvesse lugar para todo mundo, como se o mundo não fosse lugar para ela. Se fica em casa, sofre a competição com aquelas que também ficam, como se competir fosse mudar a realidade de alguma delas. Como se não bastasse a competição, mulher sofre de comparação. A fulana que é mais magra, mais bonita, mais rica, com filhos menos catarrentos e o marido bem sucedido. Essa fulana olha para a outra com menos de tudo e pensa: sou infeliz, olha lá!

A felicidade está mesmo é na simplicidade. A gente volta pra mulher da vida simples, com menos de tudo, que por sua vez, segue focada em ser como aquela lá de cima, a bola da vez. Seguimos sem saber muito bem quem apoiar, em quem nos apoiar e em como transformar tudo isso em vida. Era para haver mais união, mais compaixão. Era para haver autenticidade, cumplicidade e até aquilo tão escasso, quase dos tempos passados, a tão falada “amizade”. “Cada uma por si e Deus por todas” tem se tornado lema.

Quem sobe se esquece da de baixo, a de baixo tem raiva da que subiu. Quem sonha, sonha sozinha por medo, quem tem coragem conquista uma vida solitária. Quanto mais o tempo passa mais longe ficamos da união. Tem quem ache tudo isso bobeira, e se for mulher, que mulher de felicidade! Mas no geral estamos todas na luta. Estamos buscando um lugar mais saudável para conviver. Um lugar onde não mais haverá espaço para a competição, mas abundância de existência.

Priscila Baima

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