No século V a.C, Platão, na República idealizada defendia que assim como o homem possuía três faculdades da alma, também a pólis, possuía três classes sociais: a primeira – dos agricultores, comerciantes e artesãos seria a encarregada da sobrevivência da cidade.
Como essa classe tinha sede de riqueza e de prazeres, possivelmente, a cidade poderia ser ameaçada pelos seus interesses, ou seja, as lutas econômicas; a segunda, a dos guerreiros – encarregada da proteção da cidade. A terceira, a dos magistrados – encarregada de dar as leis e fazê-las cumprir.
Todavia, o fundador da Academia em Atenas não deixou de fazer algumas alertas para o devido funcionamento político da República. Segundo o mestre, na tentação pela riqueza, a classe dos agricultores, comerciantes e artesãos poderiam facilmente corromper o magistrado, o governante filósofo e por conseguinte não deveria assumir o poder.
A classe dos guerreiros por se caracterizar pela cólera, pelo gosto da luta como honra e glória, por ser armada e possuir a arte da guerra poderia ameaçar e usurpar facilmente a república. Por isto, não poderia também ter o controle político, o poder da República. Eita! Parece que a nossa República, (coisa pública) está mais para coisa mesmo. Pena que, o atual governante da terra brasílis passa é longe de ser um governante filósofo como pressupunha Platão. Inclusive, não tem muito apreço pelo conhecimento.
Séculos depois, na Idade Moderna, Maquiavel se contrapõe à tradição da política grega, romana e cristã ao recusar a figura do bom governo encarnada no príncipe virtuoso, portador das virtudes morais e cristãs. Para Maquiavel, o príncipe (o governante) precisa ter virtu, ou seja, a “qualidade de dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que para isso deva usar a violência, a mentira, a astúcia e a força”, esclarece a filósofa Marilena Chauí.