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7 de dezembro de 2023

Rádio opinião

“A APS é braço de um grupo político-partidário comandado por Wagner”, diz relator da CPI do motim

Foto: Divulgação/ALCE

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Ocorre, na manhã desta terça-feira, 5, o depoimento de Cleyber Barbosa Araújo, presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), no âmbito da CPI do Motim. O policial militar relata como foi a ação da entidade no começo de 2020, no contexto da paralisação das atividades da corporação, iniciativa vedada pela Constituição Federal.

Para o relator Elmano de Freitas, “a APS é uma pessoa jurídica que é braço de um grupo político-partidário comandado por (Capitão) Wagner”. A conclusão foi feita pelo parlamentar ao fim da inquirição da testemunha sobre financiamento de atividades ligadas ao motim, finanças da entidade, relação com políticos que apoiaram o movimento e sobre a abertura de uma empresa de valor de cerca de R$ 300 mil, processo que se iniciou no ano passado.

Um dos pontos mencionados pelo deputado foi o fato de Cleyber dizer, na CPI, que a APS precisa, hoje, de cerca de R$ 5 mil mensais para cobrir as despesas cotidianas da associação, mas ter sacado valores entre R$ 55 mil e R$ 89 mil na boca do caixa em janeiro e em fevereiro de 2020, enquanto acontecia o motim. “Com o saque na boca do caixa, prática comum na lavagem de dinheiro, não se sabe pra onde o dinheiro vai”, disse Elmano.

Outra questão levantada contra a APS foi a admissão de financiamento de transporte de associados para a Assembleia Legislativa, em dezembro de 2019, para, como defende Cleyber, apenas dialogar com parlamentares sobre melhorias para a categoria. O que ocorreu na ocasião, contudo, foi protesto de policiais militares.

A parlamentar Augusta Brito (PT), aponta que esse tipo de patrocínio é uma ilegal por se relacionar, de alguma forma, com o motim.

Cautela 

O deputado Soldado Noélio (União Brasil) pediu cautela no andamento da CPI, citando, sobretudo, as falas de Elmano que mencionam a abertura de empresa de Cleyber e dos saques na boca do caixa. “Para construir a reputação de uma pessoa leva anos, mas para destruí-la, isso pode ser feito em alguns minutos”, pontuou, chamando atenção para a abordagem do relator.

O advogado de Cleyber, Valmir Medeiros, apontou que a comissão estava inquirindo-o como acusado, e não como testemunha, citando parâmetros nacionais de classificação desses dois tipos no processo de coleta de depoimentos. “Testemunha vê e ouve, testemunha não saca, não atira, não mata”, disse.

Noélio também fez uma média básica do montante apontado por Elmano que, nos seus cálculos, dariam R$ 7 mil por mês. Esse valor, na sua análise, seria razoável para uma entidade com 8 mil associados, como havia informado Cleyber anteriormente.

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