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14 de setembro de 2024

80% dos quilombolas no Ceará não vivem em territórios delimitados, diz IBGE

Censo Demográfico de 2022 aponta que dos 23.955 quilombolas identificados no Estado, apenas 4.595 vivem em territórios oficialmente delimitados
Equipe do IBGE durante visita à Comunidade Quilombola dos Mulatos, que vive na Serra Boca da Mata na zona rural do município de Jardim, no Cariri cearense., em 29 de setembro de 2022. Foto: Reprodução/IBGE

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Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira, 27, trouxe dados preocupantes sobre a situação dos quilombolas no Ceará. Conforme o Censo Demográfico de 2022, cerca de 80% dos quilombolas identificados no Estado não vivem em territórios oficialmente delimitados como pertencentes ao grupo étnico. O levantamento apontou que o Ceará possui 23.955 quilombolas, porém, apenas 4.595 vivem em territórios reconhecidos oficialmente.

Entre os municípios cearenses com a maior proporção de quilombolas em relação à população, destacam-se Salitre (Cariri), com 10,85%, Tururu (Litoral Oeste), com 9,23%, e Moraújo (Sertão de Sobral), com 8,98%. Esses números evidenciam a importância de políticas públicas e ações para garantir o reconhecimento e a proteção dos direitos dessas comunidades no Estado. O levantamento revelou que o Estado possui 15 territórios ocupados por quilombolas, mas apenas cinco deles foram decretados como territórios quilombolas. Outros seis contam com portarias de reconhecimento, porém aguardam regularização fundiária, e quatro estão na fase inicial do processo de reconhecimento, conhecida como Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID).

Conforme o ranking do levantamento, a Bahia é a Unidade da Federação com maior quantidade de quilombolas: 397.059 pessoas, ou 29,90% da população quilombola recenseada. Em seguida, vem o Maranhão, com 20,26% dessa população (ou 269.074 pessoas quilombolas). Juntos, os dois estados concentram metade (50,16%) da população quilombola do país. A seguir, vêm Minas Gerais (135.310), Pará (135.033) e Pernambuco (78.827) que, somados, reúnem 26,3% da população quilombola.

Pela primeira vez, o Censo Demográfico incluiu perguntas específicas sobre o grupo étnico quilombola nos questionários, como “Você se considera quilombola?” e “Qual o nome da sua comunidade?”. O IBGE ressaltou que a investigação contou com o apoio das lideranças comunitárias quilombolas em todo o país, garantindo que todos os territórios fossem visitados pelos recenseadores.

BRASIL

Nacionalmente, a população quilombola do país é de 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes. Foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola, espalhados por 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste concentra 68,19% (ou 905.415 pessoas) do total de quilombolas do país. O Censo também mostrou que os Territórios Quilombolas oficialmente delimitados abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas, ou 12,6% do total de quilombolas do país. Destaca-se, ainda, que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária.

Conforme Fernando Damasceno, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, “é importante destacar que todos esses dados refletem um processo participativo, em que a população quilombola esteve presente com o IBGE desde o início, no mapeamento das comunidades, na definição dos questionários, na organização para o planejamento da coleta, no treinamento dos recenseadores e, agora, na divulgação dos resultados”.

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